segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

MCS EXTRAS: Noite ( por Daniel Brandão)

O corpo do texto abaixo foi produzido por Daniel Brandão e mostra um pouco da criação do personagem Noite, um Herói ou Anti-herói urbano mergulhado no contexto da violência, dos conflitos, do drama, da degenerescência e da escuridão de uma grande metrópole.




NOITE - Extras




"Em 1995 eu era um aluno infeliz de Direito, quando a minha namorada – que acompanhava o meu sofrimento acadêmico – assistiu uma matéria em um jornal local sobre a Oficina de Quadrinhos da UFC, um projeto de extensão do curso de Comunicação Social da UFC. Como ela sabia da minha paixão pela nona arte, me incentivou a ir conhecer o projeto.

A Oficina funcionava aos sábados pela manhã e quando cheguei lá tinha muita gente esperando. Depois de alguns minutos, chegou o professor Paulo Henrique Gifone e explicou como iria funcionar o curso de quadrinhos. Porém, não teria vagas para todos e por isso iríamos passar por uma seleção.  Deveríamos fazer uma história com começo, meio e fim de uma página e levar no sábado seguinte.




Eu já tinha feito histórias em quadrinhos antes de forma amadora e precária. Mas nenhuma das minhas histórias tinha apenas uma página. Passei a semana inteira quebrando a cabeça com esse roteiro, mas nada me agradava. Li muitas revistas em busca de inspiração. Demolidor, Justiceiro e Batman estavam entre meus personagens prediletos.


A ideia de um personagem urbano e justiceiro me pareceu simples e possível de ser resolvido em uma página. Daí surgiu O Noite, um anti-herói que resolve qualquer problema com uma bala. Rápido e direto, como a minha tarefa deveria ser. Sentei e resolvi a página em um dia. Até porque já era sexta-feira e eu não tinha um prazo maior que esse.


Levei a HQ no dia seguinte e passei mais uma semana de espera. Só pensava em duas coisas: no resultado da seleção e em mais ideias para compor O Noite. Fui selecionado. Fiz o curso de 4 meses. Conheci muitas pessoas legais com ideias e sonhos parecidos com os meus. Descobri o meu futuro. Larguei a faculdade de Direito e entrei em Comunicação Social. Neste mesmo ano, participei da publicação final da turma: uma edição do PIUM, onde publiquei minha primeira história em quadrinhos, uma HQ do Noite."
Daniel Brandão 

VEJA TAMBÉM:

Galeria: Noite (01)

O Noite, personagem criado por Daniel Brandão em 1995 surgiu com referencias diretas do gênero super-herói com elementos reconhecíveis do visual dos heróis dos anos 80, entretanto, com o tempo o personagem foi evoluindo. Seus temas e seu aspecto visual refinaram-se, assim como o próprio criador na execução de seus traços. Aqui vemos uma pequena galeria apresentando esta evolução.









http://www.estudiodanielbrandao.com/

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Galeria: Ronaldo Mendes

Ronaldo Mendes é um artista cearense da cidade de Maranguape (terra de Chico Anysio) cujo traço encanta e envolve, portanto não é de se admirar que boa parte dos artistas do Ceará declarem-se abertamente fãs de Ronaldo Mendes. Dono de uma versatilidade ímpar, Ronaldo vai do desenho mais cartunizado ao foto-realismo com uma facilidade ímpar. Conhecido pelos leitores do Manicomics pelas HQs que produziu em conjunto com JJ Marreiro para o Cronium (personagem de Geraldo Borges) e conhecido também pelas parcerias com o roteirista Diêgo Silveira. Aqui faremos um passeio pelas artes do Ronaldo Mendes e esperamos que aprecie a Jornada.






 


http://mendezartes.blogspot.com.br/

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

O Dia em que um cara escreveu esculhambando todo mundo (por JJ Marreiro)

Durante um tempo no final dos anos 90 começo dos anos 2000 , acho, nosso amigo André Diniz Chief Executive Oficer da Editora Nona Arte combinou conosco de disponibilizar online todos os Manicomics. Não. Eles não estão mais online :) Entretanto esbarrei com um arquivo dessa época e resolvi oportunamente colocá-lo aqui por duas curiosidades:

Primeiro para relembrar os tempos de vida online do Manicomics , graças a Editora Nona Arte centenas ou milhares de pessoas tiveram acesso ao nosso "Expresso Anti-tédio";

Segundo para rir um pouco da carta que abriu a seção. Um moço, oculto pelo manto do anonimato escreveu uma cartinha soltando cobras e lagartos. Lembrei inclusive do Stallone falando que "quando você ergue a cabeça em meio a multidão a primeira coisa que acontece é que vão fazer é tentar decepá-la" :) Deleite-se aí com a seção de cartas do Manicomics #13. O crédito na barra da página é do arquivo da Editora Nona Arte.



 Veja nos aquivos do site BIGORNA, uma matéria sobre a estreia do MANICOMICS - para leitura online no site da Editora Nona Arte. É só clicar AQUI!
BODEGA DO MAMBO: Resenha do Evento RUMA DE GENTE.
Muitas vezes você depende de um espaço gratuito para publicar e divulgar seu material. O becape de todas as suas postagens é algo importantíssimo porque qualquer serviço gratuito de blog ou site está sujeito a regras de administração sob as quais  você não tem controle. Veja o que aconteceu com todo o conteúdo do blog original do Manicomics: http://www.manicomics.blogger.com.br/ 
Entrevista com JJ Marreiro no site da FANZINOTECA MUTAÇÃO. 

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

MCS EXTRAS: Kário (por Jean Okada)

O Texto a seguir foi compilado dos arquivos do Manicomics. Várias coisas foram produzidas, textos HQs, Ilustrações, roteiros e histórias completas e making ofs que nunca foram publicados. Aqui segue um depoimento de Jean Okada sobre seu personagem Kário:



Kário – Extras



"Dívida de Sangue", a HQ do Kário que foi publicada em capítulos no Manicomics, na verdade, não foi a primeira HQ que eu havia imaginado para o personagem.
Inicialmente tinha planejado uma história maior, onde apresentaria o personagem, suas motivações, de onde ele veio, etc. Não tinha muita ação (esse sempre foi um dos meus defeitos como roteirista: falta de cenas de ação), mas acho que era uma história de amor bacaninha. Fiz umas 8 pranchas dessa primeira HQ do Kário, até que ouvi falar de um tal projeto Graphic Talents, da Editora Escala.

 


A proposta do selo GT era publicar um personagem novo a cada edição. Se os leitores gostassem, o personagem voltaria depois, em um título próprio. Parecia uma boa idéia, não? Pois foi isso mesmo que pensei na época, e comecei a pensar se seria capaz de fazer alguma coisa com o meu personagem que se encaixasse naquele projeto. 


De imediato, a HQ que eu estava fazendo já era carta fora do baralho. Ela era longa, e pra participar do GT as histórias tinham que caber no formato de 32 páginas de miolo. Tinha que bolar alguma coisa pra caber nesse espaço...

Criei então uma segunda história pro Kário, com o objetivo de contar uma aventura ao mesmo tempo em que pudesse construir o personagem. Quando crio uma história que eu mesmo vou desenhar, costumo fazer um roteiro em forma de layout, isto é, faço um tipo de "pré-HQ', com rascunhos rápidos de cada cena e os balões de texto, como se fossem as páginas de um gibi.
 
 

 Não tenho mais os layouts de "Dívida de Sangue" ( jogo eles fora à medida que vou fazendo as páginas), mas ainda tenho os layouts dessa segunda história que havia bolado pro Kário. Gosto de trabalhar desse jeito porque fica bem próximo do resultado final, e assim posso ter certeza se as idéias que tive vão caber ou não na página. Assim que terminei a primeira versão do roteiro dessa segunda HQ, vi que tinha um problema: a história ficou com quase 60 páginas. Fiz novas versões do roteiro, cortando tudo que podia cortar, até ficar com uma aventura bem simples e ela tinha ficado com... 48 páginas. Oh-oh.

 


Àquela altura, a solução, pra mim, estava clara: eu teria que abrir mão de alguma coisa: o desenvolvimento do personagem ou a aventura. Mas fiquei com pena de cortar essas coisas do roteiro, e resolvi escrever uma terceira HQ. De cara aceitei o fato de que provavelmente eu não conseguiria contar uma aventura e desenvolver o personagem num espaço de 30, 32 páginas. Decidi contar uma espécie de "aventura corriqueira" na vida do Kário (aquelas histórias que aparecem nas revistas mensais de um personagem no intervalo entre um arco e outro); abriria mão da construção do personagem, tentaria mostrar pelo menos algumas características básicas do herói e... rezaria pra dar certo. O resultado foi "Dívida de Sangue". 


Mas a vida reserva surpresas, nem todas agradáveis. Quando eu estou na metade da HQ, fico sabendo que o selo Graphic Talents morreu. Isso é bem frustrante quando você sabe que este foi apenas mais um caso, entre dezenas de outros, de derrota pros quadrinhos nacionais. 



 Fiquei um bom tempo refletindo e estudando um jeito alternativo de produzir e veicular minhas HQs. Eu ainda acreditava muito no potencial da internet nessa época, e comecei a fazer uns testes pra uma possível webcomic (ou "digibi", se você for nacionalista) de "Dívida...". Tava pensando se seria legal fazer quadrinhos exclusivamente pra internet e esquecer as editoras de vez. Não me empolguei muito com o resultado (hoje em dia eu teria feito diferente), então continuei produzindo "HQ para ler no papel", mesmo que não tivesse chance de ver isso publicado algum dia.

O final da história, vocês já sabem: a HQ do Kário acabou saindo em capítulos no Manicomics e depois foi reunida num único volume numa bela edição da editora Marca de Fantasia."


http://www.jeanokada.net/



Nota do Editor: Um crossover entre Kário e Steel Man (aka Cronium) estava sendo bolado por Geraldo Borges. Nesta HQ, Cronium encontrava-se com o ator que interpretava Kário numa série de TV. Após levar uma pancada o ator passava a acreditar que era o herói que interpretava no seriado e cabia a Cronium tirá-lo de várias enrascadas. A aventura não chegou a ser desenhada.

Nota do Editor: Um dos critérios editoriais do Manicomics era não publicar HQs seriadas ou em partes. A regra surgiu quando a série Exosec foi abandonada pelo artista e pelo roteirista. Após ser concluída por outro desenhista e roteirista o conselho editorial optou por não publicar nenhuma HQ serializada exceto: Se a HQ fosse muito boa e as partes estivesses todas concluídas. Tanto Jean Okada com Kário, quanto Falex, com o Rato do Prédio preencheram esses requisitos com louvor.


MAIS:


Jean Okada - Bio


Manicomics na Wizard !

Como fãs de quadrinhos, colecionávamos a Wizard, uma revista especializada em notícias de quadrinhos que sempre tinha matérias e entrevistas legais sobre produção, mercado e novidades. Entre outras coisas havia a coluna "fanzines" de Sérgio Miranda.


Enviamos o Manicomics e ele foi bem elogiado. Na verdade ele foi elogiado nas duas vezes que apareceu na seção "fanzines". Quando Geraldo, Daniel e eu fomos a Sampa, uma das nossas visitas foi à Redação da Wizard, onde fomos muito bem recebidos pelo Leando Luigi Del Manto e equipe. Descobrimos que algumas pessoas além de nós, enviavam cópias do Manicomics para a revista. Eles tinham recebido de cinco a seis exemplares de cada edição. Uma dessas pessoas que comprava exemplares duplos para presentear os amigos era o Alex Shazam, um leitor que ficou muito amigo da turma do Manicomics. Tempos depois o Alex montou uma Loja chamada: SHAZAM.



Daniel (Brandão) tinha acabado de chegar em casa com a Wizard e logo que viu a página 71 ligou para o Gerado (Borges) e pra mim. Quando desliguei o telefone fui direto pra banca comprar minha edição. Aquilo era um evento! Ficamos o mês inteiro flutuando de alegria, ao mesmo tempo não saia da nossa cabeça a ideia de que, se haviam gostado do número Zero, não poderíamos decepcionar no número 01. Mas isso é outra história.

Matéria completa no Laboratório Espacial

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Começamos do Zero ! (por JJ Marreiro)


Em outubro de 1996 um grupo de jovens artistas, desenhistas cheios de energia e cheios de imaginação se reuniram para lançar uma publicação que reunisse as coisas que eles achavam mais legais de produzir. Esta era a linha Editorial do Manicomics: publicar coisas legais. Algo que pudesse atingir público de várias idades e segmentos e que possibilitasse extravasar toda aquela energia criativa.

2016, 20 anos depois estreia esse blog reunindo capas, causos, fotos e reportagens relacionadas ao Manicomics. Uma publicação independente que marcou época e deixou saudade.

Nesta primeira postagem abordamos o número zero do Manicomics. A edição trazia Steel Man (aka Cronium) de Geraldo Borges; Zohrn (de JJ Marreiro); Apache (de Edicarlos); O Noide )de Daniel Brandão), uma HQ experimental de Eduardo Ferreira e JJ Marreiro; um pin up de Eduardo Ferreira e outra pin up por JJ Marreiro; um conto de Ficção Científica de Robson Loureiro.

As artes tipo mini-poster ou galeria tinham o curioso título de Desenho da Hora do Almoço, porque normalmente eram artes feitas no intervalo entre o almoço e o início do expediente. 

A capa totalmente em branco resolveu vários problemas, como por exemplo: "quem desenharia a primeira capa do Manicomics?". Enquanto isso, era também uma piada com os quadrinhos mainstream e com o autor John Byrne (que usava muito bem o recurso dos quadrinhos vazios). Na época saiu o evento Zero Hora da DC Comics, onde uma das capas era também toda em branco. Curiosamente a capa não atrapalhou a vendagem nem pelo correio (onde não se podia ver o miolo da edição e tudo que se tinha para estimular o interesse do leitor era a capa).



O número zero teve uma das maiores tiragens do Manicomics graças ao apoio de alguns amigos e a princípio foi distribuído gratuitamente num evento no SESC-Centro (Fortaleza-CE). Ao final do evento algumas pessoas jogaram os exemplares no lixo. Foi muito frustrante, mas com essa lição aprendemos que qualquer coisa que dê trabalho de fazer não deve ser distribuída gratuitamente. Dali em diante cobraríamos um valor mínimo (Um Real) por exemplar, desse modo se a pessoa jogasse no lixo estaria jogando dinheiro fora.

Daniel, Geraldo e eu conhecemos Al Rio e Mino nesse período e ambos, além do nosso Professor Geraldo Jesuíno criador da Oficina de Quadrinhos da UFC foram apoios importantes na nossa loucura de fazer quadrinhos.


EXPEDIENTE:
Manicomics Nº 0 (sob os efeitos da Zero Hora) Outubro/1996.
Editor: Daniel Brandão - Redatores: Daniel Brandão, Eduardo Ferreira, Geraldo Borges, JJ Marreiro, Robson Loureiro - Gerente Comercial: Robson Loureiro - Roteiristas: Asteca, Daniel Brandão, Edicarlos, Eduardo Ferreira, Geraldo Borges, JJ Marreiro, Layros, Paula Patrícia, Sérgio Otomo, Wellington Wagner - Artistas: Daniel BRandão, Edicarlos, Eduardo Ferreira, Geraldo Borges, JJ Marreiro, Layros, Sérgio Otomo - Letras: JJ Marreiro, Geraldo Borges e Eduardo Ferreira. Capa: John Byrne - Lay-out: Daniel Brandão e JJ Marreiro

MAIS:
Loucos por Quadrinhos - A história do Manicomics Capítulo 01
Loucos por Quadrinhos - Capítulo 02
Fanzines de Banda Desenhada: MANICOMICS
O Manicomics chega ao Fim - Ideias de Jeca Tatu (Gian Danton)
O Manicomics chega ao fim  - HQ Maniacs